O Painel Científico para a Amazônia reunido em Bogotá!

De 15 a 17 de abril de 2024, o Painel Científico para a Amazônia (SPA) se encontrou na Universidade dos Andes, na cidade de Bogotá, Colômbia, reunindo mais de 40 membros, incluindo membros do Comitê Diretor Científico, autores do SPA e membros da Secretaria Técnico-Científica. O objetivo central desta reunião foi definir as prioridades estratégicas do Painel para 2024 – 2025, incluindo para a COP16 sobre Biodiversidade em Cali, Colômbia (2024) e a COP30 sobre Mudanças Climáticas em Belém, Brasil (2025). Um marco importante será o desenvolvimento de um novo Relatório de Avaliação da Amazônia a ser lançado na COP30 em 2025, que abordará questões cruciais para a conservação e o desenvolvimento sustentável da região sob a perspectiva da conectividade.

Durante o primeiro dia, os membros do SPA refletiram sobre o progresso e conquistas do Painel desde a última reunião em março de 2023, realizada no Brasil. Juntos, utilizaram a “Visão da Amazônia Viva” como ponto de partida conceitual para o planejamento estratégico e analisaram o contexto político e oportunidades na região com as quais o Painel deve se envolver rumo à COP30. Através de diálogos participativos, os impactos do SPA foram revisados e lições foram extraídas para subsidiar os planos futuros. Durante este dia produtivo de trabalho, os participantes também priorizaram tópicos e delinearam uma estrutura preliminar para o próximo Relatório de Avaliação.

No segundo dia, as estratégias de envolvimento das partes interessadas do SPA foram aprofundadas, para discutir como o Painel avançará no trabalho em colaboração com os Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICLs), jovens e o setor financeiro. Além disso, o trabalho colaborativo continuou em torno da estrutura e dos temas prioritários do Relatório de Avaliação da Amazônia 2025.

No dia 17 de abril, teve início um evento de alto nível aberto ao público denominado “Um Diálogo Sobre a Amazônia Que Queremos“, que reuniu cientistas e pesquisadores de destaque, representantes governamentais e líderes indígenas para discutir o desmatamento zero e o desenvolvimento de uma sociobioeconomia para avançar na transformação rumo ao desenvolvimento sustentável na Amazônia. Este evento contou com a participação da Ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Susana Muhamad, quem destacou a importância dos diálogos entre a ciência e o conhecimento indígena para apoiar as políticas públicas. Ela apelou para o desenvolvimento de alternativas bioeconômicas baseadas nos ciclos ecológicos e culturais da Amazônia. Ela também defendeu a articulação regional eficaz para enfrentar os desafios do bioma, reconhecendo a necessidade de uma forte cooperação internacional baseada na ciência.

A Ministra Muhamad propôs uma agenda que vincula biodiversidade e mudanças climáticas: abordando a conservação e a restauração da biodiversidade como fundamentais na ação climática, com ênfase na participação das comunidades locais e indígenas. Ela ressaltou a importância de colocar os direitos humanos no centro dos esforços de conservação, posicionando “Paz com a natureza” como a principal mensagem da Presidência da Colômbia na COP16.

Este evento público incluiu duas importantes discussões em painel. A primeira focou em questões sobre o desmatamento e a degradação na Amazônia, para identificar áreas prioritárias e possíveis contribuições científicas do SPA para alcançar o desmatamento zero até 2030. Este diálogo foi moderado por Manuel Rodríguez-Becerra (Universidade dos Andes), e incluiu intervenções de especialistas líderes no campo: Maria Soledad Hernández Gomez (Instituto SINCHI), Omar Franco Torres (Cómo Vamos National Parks), Dolors Armenteras (Universidade Nacional da Colômbia), Carlos Rodríguez (Tropenbos), Carlos Daniel Cadena Ordoñez (Universidade dos Andes) e Alejandra Laina (WRI Colômbia).

Esta discussão em painel destacou as ameaças crescentes às áreas naturais nas regiões Andina e Amazônica, focando nas tendências de desmatamento no início de 2024 em alguns países da região. Enfatizou a necessidade urgente de esforços de restauração em áreas afetadas e ressaltou a importância de estruturas de governança sólidas e envolvimento comunitário na gestão de recursos naturais. A integração de diversas fontes de conhecimento foi enfatizada para soluções ambientais mais eficazes, juntamente com a ampliação de iniciativas bem-sucedidas e a comunicação de descobertas científicas. A discussão também enfatizou o potencial da sociobioeconomia para impulsionar o desenvolvimento sustentável na Amazônia, através da restauração do ecossistema e da valorização dos serviços ecossistêmicos.

O segundo painel foi moderado por Emma Torres, Coordenadora Estratégica do SPA, e abordou a sociobioeconomia de florestas saudáveis e rios fluindo na Amazônia. Esta conversa incluiu a participação de Fany Kuiru Castro (COICA), Hernando García Martínez (Instituto Alexander von Humboldt), Sandra Valenzuela de Narvaez (WWF Colômbia), Mariana Gómez Soto (Fundação Gaia) e Carolina Gil (Amazon Conservation Team).

A discussão enfatizou a presença de diversas “Amazônias” dentro do território, destacando a necessidade de informar o desenvolvimento socioeconômico com essas realidades diversas. Ressaltou o papel crucial dos Povos Indígenas e das comunidades locais na conservação e sustentação da Amazônia, advogando pelo diálogo entre o conhecimento Indígena e a ciência. Ações para reconhecer e valorizar a gestão comunitária tradicional e o conhecimento local são fundamentais para o desenvolvimento de uma sociobioeconomia que considere os impactos ambientais, sociais e econômicos. A discussão propôs políticas e programas abrangentes que integrem o conhecimento científico e tradicional com uma perspectiva Pan-Amazônica, ao mesmo tempo em que advoga por soluções tecnológicas para promover economias sustentáveis e a importância de aumentar o investimento em ciência, tecnologia e inovação na região amazônica.

Na tarde do terceiro dia, o SPA discutiu sua estratégia para a COP16 e COP30. Além disso, ocorreu um diálogo sobre o funcionamento interno do Painel, incluindo questões de membresia, comunicação e engajamento da juventude. Dessa forma, três dias intensos de trabalho foram encerrados, deixando os participantes inspirados a continuarem construindo um futuro sustentável para a Amazônia.

O workshop em Bogotá proporcionou um escopo inicial e uma estrutura do Relatório de Avaliação da Amazônia 2025 e uma visão dos caminhos rumo à COP16 e COP30. Além disso, as estratégias para o envolvimento de atores-chave, como a juventude, PICLs e o setor financeiro, foram ainda mais avançadas, assim como as ações de comunicação que serão essenciais para contribuir para a realização da Amazônia que queremos.

Leia o relato completo sobre o evento “Um Diálogo Sobre a Amazônia Que Queremos” aqui.