
Painel Científico
para a Amazônia

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Mais de 10% das espécies conhecidas de animais e plantas coexistem lá. Em apenas um hectare de floresta, há uma variedade maior de árvores do que em toda a América do Norte. Em apenas uma dessas árvores, é possível encontrar a mesma quantidade de espécies de formigas que há em todo o Reino Unido.
A Bacia Amazônica contém mais de 2.300 espécies de peixes, um número maior do que em todo o Oceano Atlântico. Aproximadamente um sexto da água doce do planeta flui através de seus rios e córregos. A floresta Amazônica também é um amortecedor contra as mudanças climáticas; ela regula a variabilidade climática e armazena cerca de 130 bilhões de toneladas métricas de carbono, correspondente a mais uma década de emissões globais de dióxido de carbono.
Hoje, esses ecossistemas que cobrem mais de 7 milhões de quilômetros quadrados estão ameaçados pelo desmatamento, por incêndios, mineração, exploração de óleo e gás, grandes barragens para geração de energia hidrelétrica e por invasões ilegais. Uma área florestal do tamanho de Luxemburgo foi perdida apenas no mês de julho de 2019, devido a incêndios.
Nós, cientistas da Amazônia e que estudamos a Amazônia, nos reunimos sob os auspícios da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Solutions Network, ou SDSN), para contribuir com nosso conhecimento e experiência para a realização de uma avaliação científica sobre o estado dos diversos ecossistemas da Amazônia, assim como sobre mudanças climáticas e no uso da terra, e suas implicações para a região.
O Relatório do Painel Científico para a Amazônia (Science Panel for the Amazon, ou SPA) - previsto para o primeiro semestre de 2021 - será o primeiro relatório científico realizado para toda a Bacia Amazônica e seus biomas. O relatório solicitará que governos, empresas, sociedade civil e todos os habitantes do planeta implementem as recomendações do relatório e ajam em conjunto pela conservação e desenvolvimento de uma Amazônia sustentável.
O que acontece no mundo, afeta a Amazônia; e o que acontece na Amazônia, afeta o mundo. O bem-estar daqueles que habitam o planeta hoje e das gerações futuras depende de sua conservação. Apelamos à consciência da humanidade para salvá-la. Ainda temos tempo para agir.

BACIA
Amazônica
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Considerações-chave
para salvar
a Amazônia
de la Amazonía
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Galeria:
um olhar de Dentro

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Galeria:
reconhecendo um
Território

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Galeria:
a Amazônia
Diversa

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Formada há mais de 30 milhões de anos, a Amazônia é habitada por povos indígenas há mais de 11.000 anos. Seus limites cobrem quase 7,5 milhões de km2 - cerca de 12 vezes o tamanho do estado do Texas e 28 vezes o tamanho da Itália - e se estendem pelos territórios de oito países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e de um território nacional, a Guiana Francesa.
Cerca de 5,5 milhões de km2 de seu território é coberto atualmente por florestas. 35 milhões de pessoas vivem na região, incluindo populações indígenas e tradicionais que falam 330 idiomas diferentes.
O desmatamento e a degradação florestal não são apenas um problema ambiental. Evidências estatísticas mostram que os homicídios aumentam com o desmatamento, devido ao violento processo de apropriação de terras e de deslocamento das comunidades tradicionais. O desmatamento também intensifica a propagação de doenças.
Na maioria dos países da Amazônia, as máfias internacionais de narcotráfico, extração ilegal de madeira e mineração ilegal causam grande sofrimento e contribuem para o tráfico de seres humanos, trabalho forçado e assassinato.
DO
MAPA
Informações obtidas em www.mapbiomas.org
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Ações
para conservar
a Amazônia
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Galeria:
a floresta tropical
em chamas

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Galeria:
uma intervenção insustentável

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Galeria:
uma rede de comunicação indígena

1. Promover a gestão com base em evidências científicas
Garantir a sustentabilidade da Amazônia requer decisões baseadas em ciência, que considerem o conhecimento tradicional dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. É imperativo desenvolver uma agenda para a ciência, tecnologia, inovação e investimento que promova uma economia baseada na natureza, nas florestas em pé, e em rios fluindo, e que considere novas oportunidades para empresas nas áreas de sistemas agroflorestais sustentáveis, silvicultura de espécies nativas, agricultura regenerativa, pesca, mineração sustentável e ecoturismo.
2. Parar e controlar a propagação de incêndios florestais
Para evitar a degradação florestal, é necessário controlar os incêndios, usando intervenções baseadas em evidências e em técnicas de monitoramento quase em tempo real. É uma prioridade prevenir e combater a extração ilegal de madeira e restaurar áreas que perderam a maior parte de suas florestas, de modo a garantir a conectividade da biodiversidade, reduzir os impactos das mudanças climáticas, e reduzir o risco de atingir um ponto de inflexão além do qual grandes áreas florestais sofreriam com o efeito de savanização.
3. Acabar com o desmatamento e as mudanças no uso da terra
Essas medidas devem abranger a extração de madeira, a mineração, a agricultura e a pecuária, de acordo com os códigos nacionais existentes. Subsídios e outros incentivos indiretos para atividades predatórias devem ser eliminados, e o acesso ao crédito público e à cooperação internacional para o desenvolvimento devem ser reduzidos para desmatadores ilegais e empresas que se beneficiam diretamente ou compram produtos de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia.
4. Financiar agências fiscalizadoras
É essencial que haja financiamento às agências nacionais de monitoramento, fiscalização e acompanhamento, recebendo apoio financeiro internacional conforme necessário e solicitado. Também é necessário aumentar o apoio à implementação da legislação existente sobre uso da terra, posse da terra e direitos humanos. Não é possível haver sustentabilidade sem o cumprimento da lei.
5. Revisar o impacto ambiental dos projetos de infraestrutura
É essencial avaliar o potencial impacto ambiental de projetos de grande escala antes de seu desenvolvimento. De acordo com a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), 68% das terras indígenas e áreas naturais protegidas da região estão sob pressão de estradas, mineração, barragens, extração de petróleo, incêndios florestais e desmatamento.
6. Fortalecer códigos e padrões florestais
Existe uma necessidade urgente de atualizar códigos e leis florestais em todos os oito países da Amazônia e na Guiana Francesa, com base em recomendações científicas, proteção constitucional dos direitos humanos e sustentabilidade ambiental, de acordo com os regulamentos nacionais e internacionais.
7. Financiamento internacional em larga escala
A reativação e expansão do Fundo Amazônia requer pelo menos 1 bilhão de dólares por ano para co-financiar pesquisa e inovação científica, conservação florestal, restauração de terras degradadas, serviços de armazenamento de carbono, restauração de água doce, monitoramento comunitário, manejo sustentável de florestas tropicais e de sua biodiversidade, e para fortalecer as capacidades educacionais na região para a ciência Amazônica.
8. Proteger os povos e as comunidades indígenas
É vital proteger os povos e as comunidades indígenas contra atividades ilegais, não autorizadas ou não documentadas, como a apropriação de terras, extração de madeira, mineração, agricultura, pecuária, e todos os atos de violência e crimes de ódio contra os povos indígenas e comunidades tradicionais, assim como acelerar e concluir de forma precisa todas as demarcações pendentes de terras indígenas.
9. Certificar cadeias de suprimentos
As cadeias de suprimentos de soja, café, carne, madeira, produtos florestais não madeireiros e de minerais originários da Amazônia devem ser certificadas em conformidade com os acordos nacionais e internacionais de sustentabilidade, e os dados sobre as empresas envolvidas nas cadeias de fornecimento global (incluindo países não amazônicos) devem ser disponibilizados para o público.
10. Expandir o monitoramento científico
A proteção e expansão do monitoramento científico das condições da floresta amazônica em tempo real (incluindo dados de satélite, sensoriamento remoto e observações in loco) são essenciais para permitir a implementação de um sistema de alerta precoce para rastrear os riscos para as florestas e rios.

Nos primeiros oito meses de 2019, houve mais de 45.000 incêndios na Amazônia brasileira. O mundo inteiro assistiu alarmado enquanto a floresta queimava.
A cada ano, o desmatamento intensifica ainda mais seu curso devastador. Em 2019, mais de 1,7 milhões de hectares de floresta primária da Amazônia foram perdidos na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru, segundo dados do MAAP, que monitora grande parte da Amazônia. E durante os primeiros seis meses de 2020, o desmatamento no Brasil aumentou 26% em relação a 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE.
A Amazônia é o lar de pelo menos uma em cada dez espécies conhecidas na Terra e de um número incalculável de microorganismos. À medida que os humanos a invadem, os reservatórios naturais de vírus e patógenos são destruídos, e a floresta pode se tornar uma fonte potencial de futuras pandemias.
A Amazônia como um todo está muito perto de atingir um ponto de inflexão e colapso. Algumas das áreas devastadas por incêndios e desmatamento levarão décadas para se recuperar. Outras podem levar séculos. Se não agirmos rapidamente, em 30 anos quase metade das espécies de árvores poderá desaparecer. Ainda temos tempo para agir!